quarta-feira, janeiro 31, 2007

"Tem filme que é pra entender na hora. Tem filme que é pra entender depois. E tem filme que é pra nunca esquecer. A nostalgia é um enigma".

Carlos Gerbase
Trechos de O Bristol (1995)

segunda-feira, janeiro 29, 2007


A lista só aumenta. Pelo menos plantar uma árvore já plantei. Se achei que poderia morrer tendo antes um filho, escrevendo um livro, e visitanto Paris, agora tenho também a lista de filmes pra ver.

Aqui, o blog do livro.

Sim, me rendi às listas.


Porque as palavras fogem, ou agora são longas demais. Ou porque não quero dizê-las nesse momento. E a música é bonita; terá o mesmo efeito.

sábado, janeiro 27, 2007

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Links novos:

A nova morada da Fê continua sendo exquisioTeorias, mas tá mais charmosa.

Speakorama, uma miscelânea. Segundo eles, da página, "o conteúdo da revista tá aí: news, reviews, opinião, comportamento, ficção, o que vier e não ficar apertado no pé, entra. Sem censura."

Retalho de uma hora

Era de um branco tão branco que os olhos arderam, sentiram que a visão tinha limites pra enxergar. Tinha pontos vermelhos. E eram múltiplos de sete. Todos eles. Não. Minto. Acho que um era maior, e estava no centro. Oco. Exatamente do meu tamanho. Mas tenho certeza de que eram todos quadrados. E tinham em uma das faces figuras geométricas, completas ou não. Começavam e não terminavam. Provavelmente daria pra ver alguns pontos de sujeira, se eu tivesse olhado com mais atenção. Mas preferi deixar o branco, só branco. Não poluir, talvez isso. Deixei o olhar correr solto, sem fixar um ponto específico por muito tempo. O objetivo era um detalhamento menor. Ver as coisas na imensidão que existe nelas mesmo. Sem fechar, sem foco nenhum. Era assim, não? que deveria ser. Não ver uma parede branca, só no concreto e na tinta que encobre ela, porque eu não sei ver só o que posso tocar. Branco na passagem do tempo também. E nas horas rápidas. que paralisassem, elas! Era a sala dos sete selos, na tarde das sete vontades. Vermelhas, todas. E escondidas. Me perdi.

No avesso, as palavras

"Varais tremulam um confortável cheiro branco do alto dos prédios de apartamento da cidade. Crianças vestindo bonés mal encaixados na cabeça montam suas bicicletas nas calçadas de paralelepípedos. A TARDE PASSA SEM QUERER. A maldade dos namorados enganchados em seus jeans ainda dorme. Ao fundo, harmonias dissonantes surgem em fade in. Segue-se uma batida duramente gingada. Entra uma melodia simpática, e SE OUVEM PALAVRAS SIMPLES. A poesia fácil de varal. Toma conta do céu como se fosse nuvem brava, mas não mostra os dentes. Nas paradas de ônibus, as bocas cansadas da espera repetem o que ouvem num sussurro involuntário. O OLHO MORTO EM ALGUM PONTO QUE NÃO EXISTE percebe a passagem periférica do bando atravessando a rua. É um bando mulambo-chique desaforado e tímido. Tocam sua música e enganam que se preocupam apenas com ela. Mas bem querem que ela encharque o concreto e grude no asfalto pra nunca mais sair. Querem que o mundo tome de volta o filho que ainda não sabe que gerou. Não são órfãos nem pretendem ser pais. Só fazem o barulho que precisam fazer para que os outros ouçam o barulho que precisam escutar...


...E eu ouço eles chegarem com a seriedade com que ouço um conselho furado de quem já me salvou a pele. E sinto saudade de alguma coisa que eu ainda jamais vivi. Tudo só isso."

segunda-feira, janeiro 15, 2007


É um estranho sentimento de inércia
Cabeça de vento

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Na pele enrugada
Era um viajante aborrecido
Quanto mais lugares conhecia
Mas a barba crescia
Tinha uma agenda toda rabiscada
De passado, caminhos e cachoeiras
E datas supérfluas no canto esquerdo das folhas
Desenhava ponteiros com a ponta do dedo
Eis a minha próxima direção

Panela, caneca, faz fogo sem fogão
Campainha, carta e televisão

Eu não volto, já tinha dito.
Volto, não

segunda-feira, janeiro 08, 2007

London Calling

A FêCris conta no blog dela um pouco das suas aventuras na capital inglesa. Festas, calça jeans, blusinha branca, incidentes bizarros, experiências antropológicas e tudo mais...
Tem uma linha imaginária aqui.
+++ Ouço porque são cínicos:

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Eles são eu, você e todos que conhecemos


Bons diálogos, bons atores e muita criatividade fazem um bom filme. Essa é minha opinião. Assisti ontem a Me and You and Everyone We Know, da Miranda July, e o filme definitivamente me ganhou. Não só pelos diálogos maravilhosos mas pela multiplicidade de temas que aborda e pela delicadeza com que o faz.

Lá pela metade do filme, Christine (Miranda July) encontra Richard (John Hawkes) na saída da loja em que ele trabalha. Na verdade não "encontra", simplesmente. Ela vê ele ir em direção à porta e vai atrás. Quando consegue alcançá-lo, os dois começam a travar um diálogo completamente metafórico. Parece que cada olhar, pausa, silêncio, cada gesto dos dois age como personagem do filme nessa hora.

Christine: Eu não estou seguindo você. Estacionei meu carro para lá.

Richard: No smart Park?

Christine: Não, no Front Street

Richard: O meu ficou no Smart Park.

Christine: Então, no final da próxima quadra vamos nos separar. Na Tyrone Street.

Richard: Aquela placa é na metade do caminho. Bem na metade do caminho.

Christine (sorrindo): Tipo aquele ponto num relacionamento em que você se dá conta de que não vai ser pra sempre...

Christine: ...E já avista o final. A Tyrone Street.

Richard: Mas nós nem chegamos lá ainda.


...
Richard: Ainda estamos na parte boa. Nem estamos cheios um do outro ainda.

Risadas...

Christine: Eu não estou nem um pouco cheia de você. E olha que já faz, tipo, seis meses, não?

Richard: Seis meses? Então a placa é o marco dos oito meses? Só vamos ficar um ano e meio juntos?

Christine: Sei lá. Eu não quis parecer presunçosa. Nem sei se você é casado...

Richard: Não sou.

Richard: Bom... Sou separado. Nos separamos mês passado.
...
Richard: Eu estava pensando na Tyrone... daqui a vinte anos, pelo menos.

Christine: Ah, é?

Richard: É...

Christine: Na verdade, a Tyrone, pra mim,, era nós dois morrendo de velhice. Teria sido uma vida inteira juntos. Essa quadra.

Richard: Perfeito. Vamos considerar assim.

Depois disso, os dois ficam sem assunto. Apenas continuam caminhando lado a lado num silêncio constrangedor, em direção ao fim da rua. Chegando à esquina, uma placa de trânsito é filmada de relance: "STOP". Obviamente a placa não foi filmada por acaso. Nessa hora ela vira coadjuvante na cena. É simbólica e entra em equilíbrio com os outros elementos e a falta de palavras dos personagens. Eles páram ao lado da placa. Christine olha para Richard, sorri, inocentemente...

Christine: Bem, não dá pra evitar, todo mundo morre.

Richard: Posso acompanhar você até seu carro?

Christine: Talvez a gente deva se dar por satisfeito por ter tido esta vida juntos. É bem mais do que a maioria das pessoas consegue.

Richard: Certo.

Christine: Certo...

Christine: Bem, não tenha medo.

Richard: Tá...

Os dois sorriem

Christine: Vamos lá.

Richard: Vamos lá.

Eles então caminham para lados opostos. Ela olha pra trás...

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Pé direito

Aproveito pra parabenizar o Juliano. O curta dele, "Coisas de Casais – I. Aniversário de Casamento", foi selecionado pra 6ª Mostra do Filme Livre, no Rio de Janeiro. Boa Sorte!

Funcionou

Nem precisei repetir muito o refrão. Chove em Porto Alegre. Muito. A primeira chuva de 2007 é de arrasar quarteirão. Abrindo toda a casa já, pra deixar a brisa entrar.
Vontade de repetir o refrão até espantar o calor que faz em Porto Alegre. E a retrospectiva do ano que passou fica pra depois... Não to com tempo de sobra nem com muito saco pra falar disso agora. Quero é celebrar 2007, que o ano começou bem e vai dar trabalho. Muita informação, pouco tempo pra postar e ainda nem comprei agenda. Mais adrenalina e menos cafeína, por enquanto (o freio na cafeína está na lista de promessas pra 2007, mas tá difícil cumprir).

Let’s pretend we don’t exist
Let’s pretend we’re in Antartica
Let’s have bizarre celebrations
Lets forget when forget what forget how