sexta-feira, setembro 29, 2006

A perfeição não me agrada

Não acho que eu deva sempre ter uma resposta pronta pra tudo, nem uma opinião formada em relação a tudo. Sou algumas certezas e muitas dúvidas. Antes isso me incomodava, e muito. As dúvidas sempre pareciam bem maiores e mais urgentes do que as coisas que eu tinha como certas. Já não dou mais tanta importância a isso. Estou aprendendo a usar a meu favor essa minha mania de desconfiar de tudo, e questionar o que sinto, o que leio, o que vejo, e o que acho que vejo. Desconfio da perfeição. Idéias perfeitas não existem. Se existissem, não haveria evolução. Pessoas perfeitas não existem. Se existissem, seriam monótonas. Flores perfeitas não existem. Se existissem, seriam triviais.

Odeio estas palavras: inércia, monotonia, fixo, imóvel, e por aí vai. Todas elas estão ligadas à perfeição. Tudo que é perfeito é imutável. Permanece estático. Não evolui, nem regride. O termo perfeição é facilmente substituível. Flores belas existem. Pessoas interessantes existem, trabalhos competentes existem, idéias existem de todas as formas, e evoluem. Falar que algo é perfeito é abusar da exatidão. É estancar qualquer possibilidade de continuidade ou transformação. Um ponto-final. E definitivamente, perfeição é um termo subjetivo demais pra ser tratado com tanta lógica. Não é à toa que sempre uso a expressão “Perfeito!” sempre que algo não acontece da maneira que eu gostaria. Não gosto dessa palavra. O caráter de imutabilidade que ela atribui às coisas a que se refere não me agrada nem um pouco.

quarta-feira, setembro 27, 2006

Velinhas

Além do Ique, o aniversariante de hoje é... O Usinaaa! Este blog está completando um aninho. Menino novo, ainda : )

Diálogos não começam com títulos

Eu ia arrancando com calma todos os pedacinhos de grama que encontrava. Um ao lado do outro. Primeiro esse, depois a folha do lado, e a seguinte. E quando esse exercício de completo ócio me cansou, resolvi deitar e olhar para o céu. A Redenção tem dessas coisas. E não que a tarde pudesse ser assim tão preguiçosa. Muito mais preguiçosa era eu, que teria uma semana cheia de provas e trabalhos a entregar. E daí? E daí que eu me dei todo o direito do mundo de sentar um pouquinho ali e ficar vagando nas minhas idéias. Ou não, também. Ou ficar só, ali, ou somente ali. Só ficar ali.

Até vi que tinha alguém se aproximando, mas tanta gente passa ao teu lado num parque... Ele parou na minha frente. Era um dos meus melhores amigos. Me deu um beijo e sentou ali a minha direita. Abriu a mochila, pegou um livro e começou a ler. Isso é fantástico. Tu está ali, e não precisa falar nada. Só ficar ali curtindo o dia bonito. Não que eu encontrasse meu amigo sempre, mas nossa amizade é assim, meio estranha. Eu digo que o livro dele é em braile. Não esse livro que ele estava lendo ali, naquela tarde. Tem uma história de um livro que ele estava escrevendo, um dia eu conto (se ele me permitir isso, e acho que ele não vai), mas eu sempre dizia que esse livro era em braile, porque eu não sei ler em braile. Meu amigo é imprevisível. Ilegível, assim como o livro dele. Quando eu acho que conheci um pouquinho mais dele, ele vem com uma idéia que derruba toda as minhas teorias. Aliás, hoje ele está de aniversário.

_ O que tu tá lendo?

_ Isso (e me mostrou a capa do livro). Preciso fazer uma resenha dele, e entregar essa semana.

(Cara de dúvida, a minha. Sobrancelha desconfiada. Ele faz engenharia...)

_ É pro curso de inglês. Mas pedi um livro curto. Expliquei pra professora que tô em época de provas e tenho pouco tempo pra ler. E tu?

_ Ah, tô tentando. Tenho uma prova de literatura na sexta. Mas é difícil ler aqui. E também tá mais interessante o material de cinema. Então acabei deixando de lado a matéria da prova e peguei isso sobre cinema e virtualidade, que foi o debate da aula passada.

_ É. Parece beem mais interessante mesmo...

_ Bá, cinema é tri porque não mexe só com um sentido teu. Literatura tu viaja, claro, mas é diferente. Na real são duas coisas diferentes. Enfim, cinema tem isso de tu poder abusar nas cores, ou não, também. Tem uma plasticidade, barulho, silêncio.... Enfim.

_ É, isso. E é muito mais profundo. Te influencia muito mais.

_ Tu já viu Dreams, do Akira Kurosawa? Cinema é isso. Tá ali. E música também. Sabe, música pra mim é tudo. Tem bandas que eu conheci por causa de filmes, e que são especiais pra mim por isso. Fazem eu me lembrar dos filmes, e os filmes me lembram da época em que eu assisti eles... Não é assim com literatura. Eu gosto muito, mas não é o mesmo sentimento. Não é tão temporal, assim, não tem tanta ligação com a minha memória como cinema... Aliás, é Tristania aquela banda que tu curte, né? Acho que vi no teu nick uma vez.

_ Aham, Tristania eu escuto bastante. É uma das minhas favoritas.

_ Não conheço. Mas eu vi algo sobre ela outro dia, acho que foi numa página, lá, e me lembrei de ti. Vou escutar hoje. Se eu gostar, te digo.

_ Se tu quiser conhecer, escuta também Lacuna Coil. Mas acho que tu vai gostar mais de The Gathering.

_ Ahhh sim, eu ouvi The Gathering outro dia, e curti. Te falei já, acho. Foi tu, até, quem me indicou. Eu ouvi vários dias seguidos. Incrível como música muda meu dia e meu humor.

_ Pra mim também. Eu tô toda hora ouvindo. Eu saio de casa, e deixo meu computador ligado, baixando um monte de coisas...

_ Outro dia eu tava no trabalho, tri concentrada ali, mas também no embalo do que eu tava ouvindo, e de repente tocou aquela My Girl, do Temptations, sabe? Aquela, do filme Meu Primeiro Amor

_ Hmmmm. Não lembro...

_ I've got sunshiiiiine on a cloooooudy daaay. Tan tantantantantantan

_ Ahhhhhh! sei sim, agora sei

_ Bah, muito engraçado, porque eu tava ali, centrada em xmls e tal, e quando começou essa música eu abri um sorrisão, assim, bem sem perceber, natural. Um sorriso voltado pro passado, porque lembrei da minha família, que foi com quem vi o filme. Foi tri. Meu colega me olhou e perguntou o que tinham me dito no msn, pra eu sorrir daquele jeito. Hahaha
(...)
_ Mas tu não quer ter filhos? Nunca? Como tu pode ter certeza de que nunca vai mudar de idéia?

_ Não, Cris. Eu nunca vou querer ter. Eu acho que eu não tenho capacidade pra ter um filho. Eu não saberia

_ Hahahahahahahha... Mas isso leva tão pouco tempo pra homens. Basta uns 10 minutinhos ali. E olhe lá, nem isso. Se for só com o objetivo de fazer um filho, mesmo

_ Criiiiiiis, tu entendeu! Hahaha

_ Hahaha... entendi. Tá, mas por que tu acha que não teria?

_ Sei lá, acho que eu não saberia criar um filho. Talvez eu não soubesse cuidar direito. Não sei.

_ Hmmmmmm. Pra mim também é estranho. Eu também já pensei assim, mas agora não mais. Sei lá, deve ser por que eu sou mulher, sabe? Aquilo de instinto materno. Deve ter uma idade em que, inevitavelmente, tu muda de idéia. Não que eu queira ter um filho agora. também acho que eu não saberia cuidar, agora. Mas sei que um dia quero ter. Quero saber como é.

_ Deve ser tri ruim, sabe. De alguma forma, tu vai ter que deixar tua vida de lado por outra pessoa. Não sei se eu faria isso.

_ Uma vez sonhei que eu tava grávida, e foi um dos melhores sonhos que eu já tive. Era uma sensação tão boa, algo como se fosse uma responsabilidade, mas não algo forçado, que me incomodasse, porque eu não era mais uma só. Tinha uma pessoinha bem menor e mais frágil ali dentro, que precisava de mim. Sei lá. Eu sei que eu passei a noite dormindo com a barriga pra cima, por medo de machucar a criança. Mas acordei tri calma. Não sei explicar... hahahahaha

_ Hahaha Sério?? Eu não sei. Não acho que eu vá mudar de idéia.

_ Mas é aquela coisa de fases, sabe. Um filho é meio que uma continuidade tua. É uma extensão da tua vida, pra quem tu vai passar o que tu sabe, e quem vai levar um pouco de ti. É uma forma bonitinha de ver isso, na real, mas tem lá sua verdade antropológica.
(...)
_ Acho que eu me vou. Talvez eu consiga estudar um pouco em casa ainda, antes do trabalho. Vou chegar, e ler um pouco. Tu vai agora?

_ Não, acho que vou ficar mais um pouco...

_ Então tá, vou indo... Já passei a tarde aqui.

_ Hmmmm, não, acho que vou contigo. Vamos só ficar aqui mais cinco minutinhos.

_ Daqui quatro minutos vou te lembrar que tu só tem mais um!

_ Siiiim, Criis
(...)

No caminho pra casa:

(...)

_ Eu não acho. Se eu fosse traduzir memories pra português, eu traduziria como lembranças. Eu sei que, ao pé da letra, não é. Mas pra mim faz muito mais sentido.

_ Pra mim não. Eu sempre leio memory nos livros, e na faculdade. E pra mim, memory é memória mesmo. Não é ligado à lembrança.

_ Deve ser por causa das nossas áreas de interesse mesmo. Por isso, se eu fosse traduzir memory, seria lembrança, e não memória. Lembrança é bonito em português, é nostálgico. Memória é um termo muito científico.

_ Bem isso. Eu tava tentando explicar, mas é o que tu disse. Nossas áreas são diferentes. É porque eu sou da engenharia e, pra mim, memória não tem a ver com lembrança.

segunda-feira, setembro 25, 2006

Deu Saudade

Falkor, o dragão da sorte
Fui ao oftalmologista hoje (meus olhos vão muito bem, obrigada) e, enquanto aguardava na sala de espera, ouvi uma música que sempre me lembra do filme A História sem Fim, de Wolfgang Petersen (ele também dirigiu Poseidon, Tróia e Mar em Fúria) e me deu saudade das tardes em que eu me negava a sair pra brincar com meus amigos pra ficar assistindo à versão dublada da Globo. Pra mim, e pra grande parte do pessoal da minha idade, esse filme ficou na memória.

A História sem Fim é inspirado em um livro (de mesmo nome) de Michael Ended, e foi lançado em 1979. Logo se tornou best-seller na Alemanha e nos Estados Unidos, e foi traduzido para mais de 30 línguas. No Brasil pode ser encontrado pela editora Martins Fontes. Em 1984, virou filme. Mas na real o que virou filme foi só um pedaço da história, porque o livro é dividido em duas partes. O que o filme conta é a primeira parte do livro. A diferença é que o final do filme foi adaptado e não é igual ao do livro.

E, A PARTIR DAQUI, SE TU NÃO QUISERES SABER O FINAL, MELHOR NÃO LER. DEPOIS NÃO DIGA QUE EU NÃO AVISEI : )

No final do filme, Bastian volta para a cidade na garupa de Falkor, para espantar seus "amigos". No livro, a primeira parte termina com Bastian ficando em Fantasia (a cidade destruída, lembra?) para reconstruí-la. Aí começa a segunda parte do livro. Perfeito pra quem, como eu, odiou a seqüência do filme, História sem Fim II.

domingo, setembro 24, 2006

Meu mundo ontem foi silencioso e claustrofóbico. Nariz trancado.
Pelo menos os olhos estavam BEM abertos. Cinema mudo.
O filme era uma dessas comédias românticas mal resolvidas.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Letters of Desire

terça-feira, setembro 19, 2006

Estes gritos assustadores ao redor
são o que chamam de silêncio?

O enigma de Kaspar Hauser, de Werner Herzog

segunda-feira, setembro 18, 2006

Tratando filmes como objetos filosóficos

O Cineclube da Filosofia UFRGS promove, no próximo sábado (23), a exibição do filme O ano passado em Marienbad (L'anée dernière à Marienbad), de Alain Resnais, no auditório da Livraria Cultura. Logo após a sessão haverá espaço para comentários e debates, com o professor do Intituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS, Paulo Faria. A temporada 2006 do projeto já está em sua segunda sessão, que teve no mês passado Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, de Michel Gondry, com comentários de Jônadas Techio. A idéia é discutir e analisar os aspectos estéticos e filosóficos presentes nos filmes, e de que forma esses elementos podem ampliar a análise da obra pelo espectador.

Então:
O ano passado em Marienbad, 1961, 94 minutos. Direção de Alain Resnais
Sábado, 23 de setembro
Horário: às 10h30min (ai...)
Onde: no auditório da Livraria Cultura
Quanto: Entrada franca

As próximas sessões, em outubro e novembro, terão os filmes Closer (Mike Nichols), e A Igualdade é Branca (Krzysztof Kielowski), respectivamente.

Mais informações, aqui

domingo, setembro 17, 2006

Isto é uma corrente

Assista a Garden State

Blindness

A adaptação para o cinema de Ensaio sobre a Cegueira, do escritor português e Prêmio Nobel de Literatura José Saramago, é o próximo projeto de Fernando Meirelles. A produção, que terá um orçamento de cerca de 20 milhões de dólares, é da inglesa Potboiler Productions e será filmada em São Paulo, cidade onde o diretor nasceu, e Toronto, no Canadá, a partir da metade de 2007. A intenção é que a estréia seja em março de 2008. Ok. Eu espero...

sábado, setembro 16, 2006

Música para esquecer de si

The Long Winters
The Kooks
Frou frou (muito boa indicação da senhorita Cris Espinoza)

sexta-feira, setembro 15, 2006

Ai de mim

Coisa mais tonta ficar dando nome aos sentimentos
Nome é frio
Sentimento é quente
Uma coisa não tem nada a ver com a outra
Frio, quente... Ou será o contrário?

Resgate


Tenho carinho por este texto. Resolvi resgatá-lo do blog antigo antes que eu mesmo tenha vontade de alterar todo ele. Definitivamente, faz tempo que não escrevo nada assim tão delicadinho. Por isso o carinho.

Flores para Isabela

Já não era como antes. Ela não tinha este olhar escorregadio, nem estes gestos vazios de sentimento. Era sutil. De poucas, mas bonitas palavras. Indiferente, nunca foi.

- Isabela?
- Ãhm?
- Onde você perdeu a vida?

* * *

Quando Ana e Carlos deixaram o hospital com Isabela nos braços, chovia e fazia muito frio. Era o dia que pede conforto, nas palavras de Ana.

Ela adorava dias assim. E realmente sabia sentir a chuva. Era como se cada pingo d’água que tocasse o chão fosse um fragmento seu. Todos eles juntos faziam Ana. Ana sorridente, tranqüila. Ana ruiva, de olhos azuis. Belo constraste.

Carlos gostava de capuccino. Era artista plástico e bem alto. Cabelos encaracolados e sobrancelhas expressivas. Sabia usar as cores como ninguém.

- Ela é perfeitinha! Pena que não tem meus olhos!

Ana ri.

- Tomara é que não tenha a tua teimosia!

Isabela foi a convergência de sonhos e risadas. De duas vidas que se cuidavam. De noites apaixonadas e planos milimétricos. Teve uma infância perfeita. Fotos, passeios ao zoológico, tombos de bicicleta, dentinhos que caem e crescem novamente, amigos e bonecas.

- Isabela, molha somente as flores vermelhas!

Treze anos. Bonecas, só para enfeite. Passeios ao shopping. Cabelos encaracolados e muito compridos. Isabela adorava ficar observando as pessoas. Todas tinham algo que fugia a seus olhares, muito interior, muito íntimo. Algo que se esconde ao menor sinal de fragilidade.

- Todos são assim... Quanto de mim é estranho aos outros?

Quinze anos e dois meses. Isabela alta, saia xadrez, vento frio. Primeiro beijo. Filosofia e poesia. Perguntas sem resposta.

- Isabela?
- Aham
- São pra ti.
- São de quem?
- Tem um envelope.

Dezesseis anos. Uma jovem decidida. Poesia, Belle and Sebastian e Kundera. Porta do quarto fechada. Telefonemas na madrugada. Barulho do vento na janela. Palavras doces. Eu sei que vou te amar.

- O pai não vem jantar em casa outra vez?
- Não. Tá trabalhando em uma encomenda. Disse que vai chegar tarde.

Ana sem sono. A televisão sempre faz o tempo passar mais rápido. Sofá confortável. Carlos ausente. Ontem cinco minutos; hoje dez e mais um jantar. Isabela em sono sereno. Respiração silenciosa. Ana abatida.

- Chegou tarde ontem
- ...
- Estava no atelier?
- Trabalho lá, não?
- Só perguntei...

Isabela quieta. Algo estranho no ar, sublimado entre olhares que não se cruzam.

- Mais café, minha filha?
- Não... Já acabei

Flores murchas no vaso sobre a mesa. Ana distante. Isabela observadora. Carlos irritado. Manhã chuvosa. Ana de aniversário. Carlos esquecido. Isabela troca as flores do vaso, e compra um presente para Ana. Carlos não aparece.

- Pai, você não vem?

Noite carregada. Isabela vai encontrar Carlos no atelier. Portas trancadas. Luz acesa. Vozes agitadas. Um olhar através da vidraça desvenda os desencontros.

- Carlos, tu tem que falar com a tua mulher...
- Tenho que ter um tempo, tu sabe disso!
- Mas tem que ser logo, eu não gosto dessa situação.
- Eu vou falar na hora certa, e ainda não é agora. Olha o que eu trouxe para ti!
- Que lindas...

Isabela volta para casa. Ana desfragmentada. Isabela vai até o jardim. Flores cortadas. Ana chora ao telefone. Isabela vai para seu quarto. Refúgio. Silêncio.

- Isabela, tu costumava molhar o jardim. Ele está secando
- Eu sei, mãe...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Show me, show me, show me
How you do that trick
"The one that makes me scream," she said
"The one that makes me laugh," she said
And threw her arms around my neck
Show me how you do it
And I promise you,
I promise that
I'll run away with you
I'll run away with you
Just Like Heaven - The Cure


A música que faz mágica com os meus dias : )

quarta-feira, setembro 13, 2006

Sam´s Town

Eu nem ia postar mais nada hoje. Mas gostei da notícia. O Tim Burton está dirigindo o clipe de uma das músicas do novo álbum do The Killers, que é pra outubro. Será o primeiro videoclipe da carreira do diretor. Cenários góticos e esqueletos vêm por aí.

Santander Cultural


Bom se ligar na programação de setembro do Cine Santander. A mostra O Poder do Documentário traz produções de peso, como Vlado, 30 anos depois, O homem-urso, Visita íntima + Histórias de esquina e Soy Cuba - O mamute siberiano.

Tem também Almodóvar, com Fale com Ela (foto), na mostra especial Pina Bausch (o filme começa e termina com duas coreografias da encenadora alemã), Cidade fantasma + A Criança, e O Filho, dos irmãos Dardenne. Ainda não assisti ao A Criança, nem Cidade Fantasma, mas O Filho é um filme que não dá pra perder. É totalmente verossímil. Não tem como o espectador simplesmente assistir, e ser passivamente guiado a um final. O envolvimento é inevitável, e o silêncio (sim, a trilha do filme são os sons produzidos pelas ações dos próprios personagens. Ruídos) é, por vezes, perturbador. Sensível e intenso.

De Thomas Vinterberg, um dos fundadores do manifesto Dogma 95, a mostra tem Querida Wendy (metafórico, ilusório, e pouco visto) e Dogma do Amor (um filme bem "quebrado". Definitivamente, um filme ao qual eu vou assistir trocentas vezes e não sei se conseguirei juntar os pedacinhos). E já aviso. Se tu não gostou de Cidade dos Sonhos, de David Linch, nem tente ver Dogma do Amor.

São 13 longas e dois curtas documentários, alguns com sessões comentadas. Confere certinho as datas e horários e já marca na agenda pra não te perder.

Amo uma cristiana

Digitou amo uma cristiana no Google. Uma das referências linkava pro meu blog. Clicou. Não. Definitivamente não era o que estava procurando. Só que o contador do blog registrou a visita, e me deixou com a pulga atrás da orelha.

O mais engraçado é que o acesso foi do México, ou seja, não tem nada a ver com nenhuma Cristiana, brasileira, honesta e trabalhadora. Muito menos é um nome próprio. É: amo uma cristã. E é até poético. Tem todo um lirismo nisso. Logo me veio à cabeça Álvares de Azevedo e todo aquele universo envolto de "spleen e charutos" e amores impossíveis, e o ultra romantismo da segunda geração. Isso foi em mil e oitocentos e lá vai cacetada, porém não faz diferença nenhuma. Somos amantes contemporâneos, mas a essência do sentimento é a mesma. Este dualismo sagrado x profano, alma x carne, sempre rendeu boas pautas...

Ok, só que agora fiquei curiosa. Me digam. Existe alguma obra com o nome Amo uma cristã? Vasculhei o Google e não achei nada.

segunda-feira, setembro 11, 2006

sábado, setembro 09, 2006

Otimização

É bem coisa da minha irmã. Palavra dela. É palavra da gente da administração. Sempre nessas. Agora ela já nem fala mais. Ela só me olha e eu já sei: "Sarinha, não me venha com palavras de administradora". Mas ela consegue ser mais prática nas coisas. Invejinha dela.

OTIMIZAR: Aproveitar da melhor forma possível a capacidade de alguém ou de alguma coisa.

No meu caso, geralmente otimizar está relacionado a tempo. "Cristiana, chega!! Tu precisa otimizar o teu tempo!!". Tá, ao vencedor, as batatas. Preciso otimizar o meu tempo. Shit! Tenho todo o tempo do mundo. Tenho muito pouco tempo. Shit de novo!
Sempre fui dada a subjetividades. Segundo a Helena, que só não linko aqui porque não tem blog, SUBJETIVIDADE é tudo. É a coisa mais fascinante do mundo. Porque tudo é relativo. Tu tem trocentos ângulos pra ver a mesma coisa, visto que diversos sujeitos estão vendo a mesma coisa, e cada um tem uma forma própria de ver. Ponto pra Helena. Eu amo subjetividade! Mas chega de abstração!!! Estou me perdendo em minutos subjetivos todos os dia. E de minuto em minuto, passo horas pensando coisas que não saem da teoria. TEORIA, novamente, outra palavra de gente que acaba não otimizando o tempo. Teorias são tudo. Teoria da comunicação, teoria do caos, teoria da recepção, teoria do cinema, teoria do conceito, teoria do conhecimento, teoria da conspiração. E assim a fila anda. Só que eu ando tropeçando quando confronto teoria e prática. E o tempo corre, e a Cristiana tá pensando na vida. Ora, bolas! Conclusões do dia, promessas pro resto do ano - se eu chegar ao fim do ano pensando menos no "E se...", vira hábito (nota: Hahaha). Você e eu somos o que fazemos repetidamente, dizia Aristóteles. Acredito no cara.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Nuno Faria
Cena do curta "Rapace", de Joao Niculau. Passou na quinzena dos realizadores no Festival de Cannes deste ano.

Mais uma do Google

O Google acaba de lançar o Google News Archive Search, um serviço que permite a busca de notícias de até 200 anos atrás. Pela ferramenta, uma derivação do Google News, o usuário terá acesso a arquivos de jornais, revistas e outras publicações. O serviço pode exibir referências a sites pagos e gratuitos. Aaaaaaaaaaham.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Realismo Fantástico

Tenho me deitado com seres monstruosos. Alguns são verdes, baixinhos. E eu odeio baixinhos. Nada contra, todos sabem. Mas não gosto. É que é melhor ver tudo do alto, embora eu sempre tenha tido medo de altura. CAIO em contradição. E na verdade, o fato de serem verdinhos não importa muito. É nada mais, nada menos, do que uma cor. Clorofila. É que são disformes. E nem todos são verdes, também. Alguns são pálidos, magros e altos. E talvez a palidez, essa cor sem cor. Talvez seja por isso que eles são os mais quietos. São amáveis. mas nunca me atrevi a olhá-los nos olhos; não foram feitos para o TRIVIAL. Eles têm dedos muito compridos e finos. Esses de pianista. As FALANGES são perfeitas. Peculiares, na verdade.
Já estava me acostumando com esses quando apareceram uns completamente metálicos, TECNOLÓGICOS. Não gostei tanto. Embora tivessem toda essa parafernália brilhosa, refletora. Eram, robóticos. Sem frio nem calor. Pelo menos a palidez de antes não era inerte.
E agora, já quase dormindo, vi parados na porta do quarto uns muito interessantes. Assim, do nada, surgiram ali e ficaram parados, estáticos. Tinham cabelos compridos e olhos azuis. Vestiam branco. Totalmente branco. Até no sangue. Como COPOS DE LEITE. E gostavam de punhos. Desses tendões e ossinhos que o punho tem, na parte de baixo. Até que enfim, algo em comum. Não resisti.
Não sei se sonhei, ou se o perfume do sangue deles é que me trouxe a paranóia. Mas acordei ao lado de criaturas horríveis, nada altas, nada magras. Musculosas. E eu odeio músculos. Com olhos verdes e grandes argolas nas orelhas. Cada uma segurava uma CIMITARRA. Deixei que fizessem em pedaços os outros habitantes da casa. E quando chegou a noite, me deitei novamente com Caio Fernando Abreu.